terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Líder do PSC é cobrado em programa de humor sobre caixinha do partido e diz que não aprova a prática

INSTITUTO AME CIDADE, 13 de dezembro de 2011


O líder do PSC na Câmara Federal, Ratinho Júnior, do Paraná, finalmente falou sobre a “caixinha” que criaram em seu partido. O sistema exige que todo funcionário público, mesmo não filiado, dê 5% do salário ao partido. Ratinho Júnior acabou dando um depoimento sobre o assunto em um programa de humor, o CQC, da TV Bandeirantes. O programa foi ao ar na noite de ontem.

O deputado foi surpreendido pelo repórter Rafael Cortez com a pergunta sobre a “caixinha” e no início tentou negar, dizendo que a doação só ocorria quando feita de forma voluntária pelos funcionários. Mas foi confrontado com uma mensagem do vice-líder do partido em Brasília. Zequinha Marinho (PA) na qual ele demite um assessor por falta de pagamento dos 5%.

Só então Ratinho Júnior condenou a prática, afirmando que “isso é realmente algo que o partido não aprova”. No entanto, o líder do PSC não disse que medidas pretende tomar para corrigir ou coibir a cobrança.

O esquema da caixinha do PSC foi levantado pelo site Congresso em Foco no início do mês. O site obteve documentos que comprovam a existência do esquema de cobrança ilegal. O partido fica com 5% dos salários dos funcionários comissionados vinculados ao PSC na Câmara e lotados na Liderança, na Mesa e nos gabinetes de deputados. Em São Paulo, três deputados estaduais foram expulsos do PSC por não forçarem seus funcionários a contribuir com os 5%.

Segundo o Congresso em Foco, o pagamento é compulsório e o servidor sabe que tem de fazer o repasse. Existe até uma tabela com os valores que cada um destinou ao PSC.

A tabela foi encontrada em um e-mail enviado pelo vice-líder Zequinha Marinho (veja na imagem ao lado). Na mensagem, o deputado pede a sua secretária que ela faça a cobrança de contribuições que não haviam sido pagas por funcionários. A própria secretária contribui com parte de seu salário.

O Congresso em Foco conseguiu também comprovações de que os funcionários podiam fazer os pagamentos ao PSC até com débito automático. Para isso havia um formulário para o Banco do Brasil autorizando o repasse ao partido dos 5% em conta correte.

O deputado Zequinha Marinho foi procurado pelo Congresso em Foco e vendo a documentação em poder dos jornalistas admitiu o expediente. Segundo o site ele “afirmou que a prática acontece em todos os gabinetes dos parlamentares da legenda”.

Ainda conforme a reportagem do site, o vice-líder do PSC disse que o desconto dos 5% “se repete em todos os outros órgãos públicos do Brasil em que o partido tem indicações políticas”.

Os jornalistas fizeram as contas considerando a bancada de 16 deputados do partido e chegaram à conclusão de que o PSC deve arrecadar R$ 3 mil mensais, isso sem contar os servidores com cargo de natureza especial, lotados na liderança, nas comissões e na Mesa da Câmara. No final do ano a caixinha do partido somaria R$ 624 mil.

Para ver o programa CQC sobre a caixinha do PSC, com a entrevista de Ratinho Júnior, clique aqui.


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