sábado, 14 de agosto de 2010

Flúor na água tratada gera polêmica

ÁGUAS DO AMANHÃ, 14 de agosto de 2010

Dentista americano condena uso do produto no sistema de abastecimento público. OMS, porém, recomenda a fluoretação para combater a cárie dentária


O dentista norte-americano Bill Osmunson contesta o uso do flúor no abastecimento público de água. Segundo o líder da Fluoride Action Network (algo como Rede de Ação contra o Flúor), o produto – utilizado em escala mundial para combater a cárie dentária – seria pouco eficiente e ainda poderia causar doenças como a fluorose dentária, problemas ósseos e até ocasionais envenenamentos.

A questão é bem polêmica e o leitor Samuel Arantes nos sugeriu fazer uma matéria sobre o assunto. Nos Estados Unidos, a discussão em torno do uso do flúor é antiga. Vem desde a década de 1940, quando o composto químico passou a ser adicionado à água de cidades americanas e mais tarde vindo a ser empregado no restante do planeta.

Mas ao contrário do que profetiza Osmunson, a presença do fluoreto (íon de flúor) na água é amplamente recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com um relatório do Ministério da Saúde, dezenas de estudos brasileiros e internacionais apontam que a fluoretação da água reduz, em média, 60% a ocorrência de cárie dentária. Por isso mesmo a legislação do país obriga as concessionárias de abastecimento a adicionar o flúor na água tratada. Controlada, a quantidade do químico deve se situar na faixa entre 0,6 e 1,5 miligramas por litro.

Para o presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), Newton Miranda de Carvalho, teorias e pesquisas são bem-vindas. No entanto, ele descarta riscos para a saúde pública. “O que nós sabemos é que o flúor é reconhecido e recomendado pela Federação Dentária Internacional (FDI)”, reitera. Além de estar presente na água tratada, a substância também é encontrada na maioria dos cremes dentais. Em alguns países, inclusive, a fluoretação acontece no sal de cozinha. Não é o caso do Brasil.

De acordo com Carvalho, as pesquisas que apontam para a redução da incidência de cárie nas populações – principalmente as mais carentes – por conta do flúor vêm de longa data. “Ai de nós se não fosse o flúor. Temos um grande contingente de dentistas no país, mas eles estão geograficamente mal distribuídos e a maioria da população não tem acesso aos serviços de saúde”, comenta.


1,5 mg/litro
é a quantidade máxima de flúor na água permitida pela legislação brasileira


Fluorose
Apesar da pouca probabilidade, a fluorose pode sim ocorrer. A doença é causada pelo excesso de flúor, principalmente durante a fase de formação dos dentes (na infância), que podem ficar com o esmalte esbranquiçado. Nos casos mais graves, o esmalte adquire uma coloração marrom e há comprometimento da estrutura dentária. “Temos raros casos de fluorose. Isso ocorria há muito tempo atrás, quando não se conhecia a dosagem. O que não pode é usar o flúor indiscriminadamente, sem conhecimento”, explica Carvalho.

Além do creme dental e da água, os alimentos também são fontes de flúor. Mas a quantidade total ingerida para haver algum problema teria de ser muito alta e constante, conforme explica o presidente da ABO. “A margem de segurança é muito grande. Agora, o que existe por trás dessas polêmicas, fora os cientistas bem intencionados, são interesses comerciais de empresas que, muitas vezes, vendem produtos com flúor e gostariam que a água não fosse fluoretada”, critica. De acordo com o especialista, até mesmo os cremes dentais (que possuem concentração maior de flúor), quando ingeridos, raramente fazem mal.



60%
é quanto se estima reduzir, em média, a incidência de cárie na população com a fluoretação da água


Sanepar gasta R$ 670 mil ao mês para fluoretar água no estado
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) gasta aproximadamente R$ 670 mil por mês para fazer a fluoretação da água em toda a sua rede no estado. Desse valor, R$ 157 mil são gastos com o material (fluossilicato de sódio e ácido fluossilícico – compostos com flúor); R$ 108 mil cobrem os custos operacionais; e mais R$ 402 mil são para custear a análise da água. O processo parece dispendioso, mas acaba saindo por menos de R$ 1 por habitante/ano.

De acordo com o engenheiro químico Carlos Eduardo Pierin, gerente da Unidade de Avaliação de Conformidades da Sanepar, o monitoramento do teor de flúor na água de abastecimento público é feito de hora em hora nas estações de tratamento e uma vez por mês na rede de distribuição (460 pontos somente em Curitiba). A empresa divulga em seu site um boletim – por cidade – com as médias das últimas 30 análises de água. Para acessar o documento, basta clicar no link “análises da água” e escolher a cidade. Atualmente, 98,9% da população atendida pela companhia recebe água fluoretada.

Como a temperatura do ar é importante para determinar a quantidade de fluoreto a ser colocado na água, a Sanepar estabelece um teor – que vai de 0,6 a 1,1 mg/litro – conforme as médias de temperatura do estado, variando de acordo com a região. Em Curitiba, por exemplo, o teor ideal de flúor na água é de 0,7 a 0,9 mg/litro. “Como a variação de temperatura não é significativa, essa média é usada para o ano todo”, explica Pierin. Segundo ele, a porcentagem de flúor que sai da estação de tratamento é a mesma que chega na casa do consumidor, sem perdas. Ao contrário do que acontece com o cloro, por exemplo, que é consumido ao longo do processo de distribuição.

98,9%
da população atendida pela Sanepar recebe água fluoretada


Fiscalização
Responsável por fiscalizar o teor de flúor na água da cidade, a prefeitura de Curitiba monitora mensalmente 67 pontos da capital, analisando 72 parâmetros, entre eles o flúor. “A maioria das análises tem se mantido dentro do estabelecido. Por vezes você encontra alguns níveis abaixo ou acima. Mas quero garantir que os níveis acima são muito pequenos. Às vezes, passa de 1 mg/litro. A lei permite até 1,1, mas procuramos que o máximo fique em 0,9 mg/litro”, esclarece Lúcia Isabel Araújo, coordenadora de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde.

Quando encontra alguma irregularidade com o flúor na água, a prefeitura avisa a Sanepar para fazer as eventuais correções. Caso os problemas não sejam resolvidos, a empresa pode ser multada – fato que até hoje nunca ocorreu, segundo Lúcia Araújo. A coordenadora informa ainda que a Sanepar, como concessionária de água do município, é obrigada a informar a população, através das contas de água, os resultados das análises da água. Além disso, uma vez por ano, a empresa deve enviar aos moradores um informe completo.


96 toneladas
de fluorssilicato de sódio por mês são usados pela Sanepar para fazer a fluoretação da água no Paraná. Além disso, são mais 37 toneladas por mês de ácido fluorssilícico, também utilizado no processo


A história da fluoretação da água

1901 – um médico da marinha americana observou na região de Nápoles, na Itália, os efeitos do que viria a ser conhecido mais tarde como fluorose dentária. A população da área, que vivia próxima a uma região de vulcões e tinha contato com húmus vulcânico (rico em flúor), apresentada deformações na coloração do esmalte dentário.
1933 – o pesquisador H. Trendley Dean criou uma escala baseada no grau de flúor na água e, a partir dela, conseguiu estabelecer em que ponto a substância podia causar fluorose ou, ao contrário, prevenir as cáries.
1942 – um estudo feito com crianças em 21 cidades da América do Norte conseguiu estabelecer os primeiros limites de dosagem do flúor na água para prevenção e controle de cáries.
1945 – estudos pioneiros iniciam a adição de flúor no abastecimento público das cidades de Grand Rapids e Newburgh – ambas nos EUA – e Brantford, no Canadá.
1953 – o município de Baixo Guandu, no Espírito Santo, foi a primeira cidade brasileira a receber flúor na água tratada.
1957 – o Rio Grande do Sul é o primeiro estado brasileiro a estabelecer uma lei obrigando a fluoretação da água.
1958 – Curitiba é a primeira capital brasileira a receber efetivamente o flúor na água.
1960 – nesta década, os cremes dentais com flúor começam a ser utilizados em países desenvolvidos. Nos anos 90, mais de 90% dos dentifrícios vendidos na Europa e América do Norte continham F. No Brasil, as pastas de dente fluoretadas passaram a ser comercializadas em grande escala a partir de 1989. Atualmente, somos o terceiro maior consumo per capita desse produto no mundo.
1972 – Londrina ganha o sistema de fluoretação. Na sequência vieram: São José dos Pinhais (1974), Telêmaco Borba (1977), Pinhais (1978), Primeiro de Maio (1979), Paranavaí (1979), Colombo (1979), Bela Vista do Paraíso (1979), Cascavel (1982) e Mandaguari (1982) – só para citar algumas.
1974 – em 24 de maio daquele ano entra em vigor a lei número 6050, tornando obrigatória em todo o país a fluoretação da água.
1975 – surgem o decreto federal número 76.872 e a portaria 635/BSB, ambos de dezembro de 75, que regulamentam e normatizam a lei 6050.
1980 – nessa década, outros 148 sistemas de abastecimento no Paraná tiveram suas águas fluoretadas. Na década de 1990, mais 207 sistemas receberam o benefício. De 2000 até agosto de 2008, outros 93 sistemas receberam o benefício. Atualmente, são 486 sistemas com fluoretação no estado (99,2% do volume de água produzido pela Sanepar recebe flúor).
1992 – uma avaliação feita pelo curso de pós-graduação em Odontologia Preventiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com estudantes de 6 a 9 anos de idade registrou uma redução média de 75,4% (entre 1958 e 1992) no índice CPO-D (Dentes Cariados, Perdidos e Obturados) por conta da fluoretação da água.
1999 – o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA inclui a fluoretação da água entre as dez principais conquistas da saúde pública daquele país no século 10.
2000 – estudo da Universidade de York (Reino Unido), confirmou que a água fluoretada reduziu em 15%, em média, a incidência de cárie em crianças. Por outro lado, revelou também que água com flúor em quantidade de 1 mg/litro (ou 1 parte por milhão) resultou em fluorose para 12,5% das pessoas.
2001 – a Associação Internacional de Pesquisas Odontológicas endossa plenamente e recomenda a fluoretação da água para melhorar a saúde bucal dos povos.
2006 – 100 milhões de pessoas no Brasil já recebiam água com F.
2007 – a Organização Mundial da Saúde reitera a recomendação aos países para o uso do flúor na água de abastecimento público.

Fonte: Edvaldo Kulcheski e Carlos Pierin (Sanepar)/Ministério da Saúde/ Irene Ramires (USP).

Um comentário:

SAMUR disse...

Temos que ter em mente que o fluor é altamente tóxico e é proibido em toda a Europa.

Mesmo pequenas quantidades de flúor consumido na água encanada pode danificar seus ossos, dentes, cérebro, causar problemas de tiroide, reduzir o QI , causar câncer e entre outros de acordo com a maior revisão de estudos sobre o flúor.

O benefício do flúor é principalmente TÓPICO e NÃO SISTÊMICO, ou seja é para ser usado para bochecho e não para ingestão. Temos o direito para decidirmos se queremos ou não ingerí-lo.

"Nações que ainda praticam fluoretação de água deveriam envergonhar-se de si mesmas."
Dr. Arvid Carlsson, Nobel 2000.

Todo químico sabe que a toxicidade do flúor é superior à do chumbo e pouca coisa inferior à do arsênico. Mesmo assim, desde 1945 a toxicidade do flúor foi "absolvida" para que o fluoreto de sódio - subproduto da indústria do alumínio, então florescente com a guerra e a experiência que os alemães acabavam de fazer com o flúor - fosse elevado à categoria de "salvador dos dentes", passando a ser distribuído à população através da rede de águas.

Fontes de águas naturais na China e Índia com altos teores de Fluoreto são causa de graves doenças ósseas.

A fluoretação é um elaborado esquema onde LIXO TÓXICO derivados das indústrias de fertilizantes usam para descartar estes no meio ambiente, mas antes passando pelo corpo humano. Somos um depósito de lixo tóxico. Isso incluem Ricos, pobres, políticos e não discrimina ninguém.

Pode pesquisar :Fluoreto de sódio e
ácido fluossilicato. Estamos tomando rejeitos industriais altamente tóxico.(valefertilizantes.com)