sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Vereador de Londrina é investigado pelo MP por suposta compra de votos em 2008

JORNAL DE LONDRINA, 17 de dezembro de 2009

Operação do MP, realizada na noite de quarta-feira, apreendeu duas listas com nomes de eleitores que teriam recebido dinheiro para votar no vereador


A Câmara Vereadores de Londrina está envolvida em mais um escândalo. O Ministério Público Eleitoral (MPE) está investigando o vereador Joel Garcia (PDT) sobre uma suposta compra de votos durante as eleições de 2008. Na noite de quarta-feira (16), o MP cumpriu mandados de busca e apreensão de duas listas com nomes de pessoas que teriam recebido para votar em Garcia no distrito de São Luiz. O vereador foi o 12º mais votado, recebendo 2.370 votos.

As listas foram encontradas em posse de três cabos eleitorais de Garcia, que assumiram o compromisso de “arregimentar” os eleitores. Cada voto no vereador valia entre R$ 20 e R$ 30. Segundo o promotor eleitoral Renato Lima Castro, duas pessoas confirmaram o esquema de compra de votos. O terceiro envolvido não cooperou com o MP, pois teria parentesco indireto com o pedetista.

De acordo com o promotor, em uma lista constatava o nome de 25 eleitores e na outra 23, uma terceira lista não foi encontrada. Nos papéis cada pessoa era registrada com o número do título de eleitor e um documento de identificação, além do valor a ser recebido. “Pelo que constatamos, o pagamento era efetuado depois que os eleitores votavam e a compra estava restrita ao distrito São Luiz”, explicou Castro.

Como as investigações ainda estão em curso, o promotor não quis adiantar quais serão os próximos passos a serem tomados. Contudo, ele disse que medidas judiciais serão analisadas. Um dos resultados da ação pode ser o pedido de cassação do mandato do vereador, uma vez que a compra de votos infringe o art. 299, do Código Eleitoral, pois é uma violação do processo de direito democrático.

Como ainda não teve acesso aos documentos do Ministério Público, Joel Garcia se limitou a dizer que as acusações são infundadas e se tratavam de uma “armação política”. “Essas acusações não políticas, tanto que a denúncia partiu de uma pessoa que tem parentesco com um assessor do vereador Roberto Fú”, disparou.

O vereador Roberto Fú (PDT) disse que a mulher com quem o assessor é casado tem uma relação de parentesco com um dos cabos eleitorais de Garcia. Contudo, ele negou que a denúncia tenha partido do seu gabinete. “É sempre assim, quando há uma denúncia tudo se transforma em questão política. Tenho certeza que meu assessor e sua mulher não têm envolvimento com o caso”, disse.

Tráfico de influência

O vereador Joel Garcia (PDT) deixou de prestar depoimento no Ministério Público (MP) de Londrina, na última terça-feira (15), pela terceira vez. Ele é acusado pelo prefeito Barbosa Neto de tentar direcionar o resultado da licitação para merenda escolar com o objetivo de beneficiar a empresa de propriedade de sua família. Os dois outros depoimentos cancelados estavam marcados para segunda-feira (14) e sexta-feira (11).

O promotor Cláudio Esteves, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), explicou que na sexta-feira um dos advogados cancelou o depoimento alegando ter uma audiência, embora a reunião havia sido marcada com anuência da defesa. Na segunda-feira, os advogados disseram que ainda havia documentos para serem apresentados e o vereador, que ficou reunido com o promotor durante mais de uma hora, saiu sem falar com a imprensa.

Desta vez, o depoimento foi desmarcado pela defesa, que justificou a ausência do vereador, que nem compareceu ao Ministério Público, apontando que os advogados não tiveram acesso à documentação do patrimônio público. O MP ainda não sabe se deve marcar outro encontro. “Agora vamos analisar as medidas pertinentes. Haverá prejuízo para a sequência da investigação”, declarou Esteves.

Garcia foi acusado pelo prefeito Barbosa Neto (PDT) e pelo secretário de Gestão Pública, Marco Cito, de tentar direcionar a licitação de um dos cinco lotes de fornecimento de alimentos para a merenda escolar, realizada em outubro. Prefeito e secretário já foram ouvidos no procedimento investigatório aberto pelo MP e confirmaram o que já tinha sido dito publicamente. Eles citaram testemunhas que teriam presenciado a conversa de Garcia com Cito, na qual o vereador teria pedido ajuda no processo licitatório. A empresa da família do pedetista contesta o resultado da licitação na Justiça.

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