terça-feira, 13 de outubro de 2009

Definição de cenário eleitoral em Londrina para 2010 depende do Supremo

JORNAL DE LONDRINA, 13 de outubro de 2009

Supremo vai decidir se Antonio Belinati tem ou não direito a assumir a Prefeitura. Candidaturas à Assembleia e ao Congresso Nacional já movimentam os partidos

A primeira definição para que o cenário eleitoral de 2010 comece a se delinear em Londrina é também a última que falta para encerrar definitivamente a eleição municipal de 2008: a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da candidatura a prefeito de Antonio Belinati (PP), que teve o registro cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dois dias depois de vencer o segundo turno, em outubro do ano passado. A definição, que pode sair ainda neste mês, mexeria com pelo menos duas peças importantes no tabuleiro: o prefeito Barbosa Neto (PDT) e o próprio Belinati, que em 2006 foram os mais votados em Londrina, um para a Câmara Federal, outro para a Assembleia Legislativa.

Se o Supremo mantiver a decisão do TSE, Barbosa fica onde está e restará a Belinati tentar renovar o seu mandato de deputado estadual; se promover outra reviravolta, colocando Belinati na Prefeitura, restará ao pedetista tentar um novo mandato de deputado federal.

Belinati diz ter em mãos pesquisas internas que, se concretizadas nas urnas, lhe garantem a reeleição para a Assembleia. Mas ele afirma que só pensa em ser prefeito. “Trabalhamos com a cabeça na expectativa de que seja reconhecida a nossa vitória no segundo turno”, disse o deputado ao JL. O político assegura que não está fazendo “nada de articulação para deputado” e que ser prefeito é o seu “plano único”.

Já no front pedetista, não se cogita um cenário sem Barbosa Neto na Prefeitura. Nesse caso, o desafio para o partido será manter um deputado federal com base em Londrina. Os secretários Gervásio Vieira (Agricultura) e José do Carmo Garcia (Governo) seriam os candidatos. Para a Assembleia, os três vereadores seriam nomes possíveis, mas o que mais demonstra disposição para essa batalha é Joel Garcia.

No final do ano passado, quando o ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) reajustou a tarifa do ônibus urbano na última semana de mandato, Garcia teria dito a interlocutores que com a medida o petista teria aberto “as portas da Assembleia Legislativa” para ele. O pedetista conseguiu reverter o aumento com uma liminar na Justiça e fez do transporte coletivo a principal bandeira do seu mandato de vereador até aqui.

O campo belinatista também pode ser palco de uma velha novidade na campanha do ano que vem: a volta de José Janene (PP) à política. Considerado uma espécie de líder da “bancada mensaleira”, Janene conseguiu procrastinar por quase um ano um processo de cassação na Câmara Federal. A procrastinação era provocada pelos problemas de saúde do ex-deputado, que sofre de uma cardiopatia considerada grave.

Com o impacto do mensalão amenizado pelo tempo, Janene escapou da cassação, mas não disputou a reeleição. Ele é um dos 40 réus no processo do mensalão, que corre no STF. De acordo com um interlocutor, a cardiopatia que salvou Janene da cassação não será problema para a volta à política. “Ele é candidatíssimo”, assegura a fonte.


Os três deputados federais com base eleitoral em Londrina devem tentar um novo mandato. Alex Canziani (PTB) e Luiz Carlos Hauly (PSDB) são nomes certos e provavelmente os únicos em seus partidos a disputar a Câmara Federal tendo Londrina como a principal base. Já no PT, a situação pode ser diferente: André Vargas tenta a reeleição e o hoje ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, pode tentar voltar à Câmara, depois de sete anos na Esplanada dos Ministérios. Outra possibilidade para Bernardo seria assumir a Casa Civil quando, Dilma Roussef deixar o cargo para disputar a Presidência. Nesse caso ele repetiria a opção que fez em 2006: abrir mão da eleição para a Câmara para participar do governo na transição.

“É possível que Londrina tenha mais de um deputado federal do PT”, afirma o presidente do partido, Sidnei Santos, tentando contemporizar, já que a possibilidade de Vargas e Bernardo disputando a eleição pode levar um deles a ficar sem mandato. Já o ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) está fora da disputa proporcional. “O Nedson só disputaria se fosse um cargo majoritário”, afirma Santos. Ele explica que como Gleisi Hoffmann deve disputar o Senado e o PT deve apoiar um candidato a governador que dê um palanque forte a Dilma no Paraná, Nedson deve ficar fora da disputa do ano que vem.

Já no PMDB, o “engarrafamento” de candidatos é na disputa para a Assembleia Legislativa. O único possível candidato do partido para a Câmara Federal hoje seria o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Alexandre Kireeff. O ruralista tem dito que sua primeira preocupação é acabar o mandato na SRP – que vai até abril de 2010 –, para depois pensar em eleições.

Mas quando o assunto é a Assembleia, a situação muda no PMDB: Luiz Eduardo Cheida é candidato à reeleição. A coordenadora da Região Metropolitana de Londrina (RML) está disposta a ser deputada estadual de novo. E o vereador Tito Valle também diz ter “vontade colocar o nome à disposição do partido para disputar”. Oficialmente o discurso é de que tem lugar para todos na chapa do PMDB. “Estamos fazendo gestão para que o máximo de companheiros sejam candidatos a deputado estadual e federal”, declara Cheida, presidente do partido em Londrina. “Ainda ninguém se colocou, a não ser eu mesmo, que defini que vou para a reeleição”, completa o deputado.

Mas nos bastidores a avaliação é de que se Cheida e Elza forem candidatos, o risco é o mesmo do caso de Vargas e Bernardo serem candidatos a deputado federal pelo PT: um pode ficar fora.

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